Cem anos de Fla Flu

domingo, 8 de julho de 2012

Publique nas redes sociais:

Relembre histórias, jogos, gols, e fatos que marcaram o clássico ao longo desses 100 anos.

Dois mil e doze. Para uns, mais um ano. Para nós, 100 anos de Fla x Flu. Eventos muito importantes não acham? Significativos para dois lados. Mas para os torcedores de Flamengo e Fluminense, não é apenas mais um ano para celebrar a vida... é o ano de relembrar e obter conquistas, vitórias e fatos marcantes. É 'O ANO'.

O Fla x Flu é como o filho e o pai em uma eterna discussão. O filho por sua vez, menos educado, arrogante, abusado e que se acha moderno, imagina ter sempre razão. E o pai, que se julga superior por ser mais velho, mais sábio e já conhecer os principios da vida, também achar ser o dono da razão. Pelo já dito, vocês conseguiram entender quem é quem nessa história.

Vamos viajar no tempo e relembrar fatos e histórias desse clássico que vai muito além das partidas disputadas.

Nascimento do clássico
A história do Fla-Flu, como o clássico foi batizado pelo jornalista Mário Filho,e que começou em 1912. Em novembro do 1911, atletas do Tricolor decidiram deixar o clube das Laranjeiras e fundar o departamento de futebol no Clube de Regatas do Flamengo. Em 7 de julho de 1912, os ex-companheiros se enfrentaram pela primeira vez. O Flu levou a melhor pelo Carioca: 3 a 2. Três meses depois, o Fla goleou o adversário por 4 a 0.

Veja a representação feita pelo Globo Esporte sobre o 1º jogo.




 Partidas e gols históricos do clássico

 Gol de barriga                                      


Gol de Assis. " O Carrasco."

Zico brilha e Flamengo faz 4 a 1 no Tricolor
Histórias do Fla-Flu

1968 - O gol de mão de Wilton
Muitos tricolores afirmem que esta partida, disputada em 13 de outubro de 1968, valeu um título, mas na verdade, tratava-se de um jogo para cumprir tabela pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa daquele ano. Mas este Fla-Flu entrou para a história pelo gol marcado por Wilton. O atacante tricolor recebeu lançamento e desviou a bola com a ajuda do braço. Apesar dos protestos dos rubro-negros, o árbitro Armando Marques validou o lance, após consultar o auxiliar.

1983 - Urubu vai parar nas mãos do Flu
O Fla-Flu do triangular decisivo do Carioca de 83 foi interrompido logo no começo por um motivo inusitado: um urubu, ave símbolo do Rubro-Negro, pousou no gramado e precisou ser retirado. Mas ao contrário do que se imaginava, não trouxe sorte ao Fla. O Tricolor venceu por 1 a 0 com gol de Assis, que aproveitou passe de Delei para invadir a defesa adversária e marcar. A vitória deixou o Flu praticamente com a mão na taça do Estadual daquele ano, confirmada com a vitória do Flamengo sobre o Bangu no terceiro jogo.

1991 - O calcanhar de Nélio
No clássico que valeu pelo Brasileiro de 1991, o Tricolor saiu na frente com gol de Renato Carioca e foi para o intervalo vencendo. Na etapa final, o empate do Fla veio aos cinco minutos, com Jefferson. Porém, o grande lance do jogo estava guardado para o fim: no último minuto, Válber tentou fazer embaixadinha na defesa tricolor, mas perdeu a bola, que sobrou para Nélio tocar de calcanhar para o fundo das redes e dar a vitória ao Rubro-Negro.

2010 - O gol de goleiro
O jogo valeu pelo primeiro turno do Brasileiro de 2010, vencido pelo Flu. Foi o último clássico disputado no velho Maracanã, mas o público nem de longe lembrou os de outros tempos: apenas 14 mil torcedores. O Tricolor não deu bola, e venceu por 2 a 1, gols de Rodriguinho e Conca. Mas foi o tento rubro-negro que entrou para a história, marcado pelo goleiro Bruno em cobrança de falta, aos 45 minutos da etapa final. O primeiro e único de um arqueiro na história do clássico.
* Histórias reúnidas pelo Jornal Lance*

OS 10 maiores públicos do Fla-Flu


O Público abaixo, é referente apenas aos pagantes.
  1. Flamengo 0 a 0 Fluminense, 194.603, C. Estadual,  15/12/1963 
  2. Flamengo 2 a 3 Fluminense, 171.599, C. Estadual,  15/06/1969
  3. Flamengo 0 a 0 Fluminense, 155.116, C. Estadual,  16/05/1976
  4. Flamengo 0 a 1 Fluminense, 153.520, C. Estadual,  16/12/1984
  5. Flamengo 0 a 2 Fluminense, 138.599, C. Estadual,  02/08/1970
  6. Flamengo 1 a 1 Fluminense, 138.557, C. Estadual,  22/04/1979
  7. Flamengo 5 a 2 Fluminense, 137.002, C. Estadual,  23/04/1972
  8. Flamengo 2 a 1 Fluminense, 136.829, C. Estadual,  07/09/1972
  9. Flamengo 3 a 3 Fluminense, 136.606, C. Estadual,  18/10/1964
  10. Flamengo 1 a 0 Fluminense, 124.432, C. Estadual,  23/09/1979


Terminarei este post com uma crônica de um gênio da dramaturgia e da escrita. Nelson Rodrigues escreveu lindas crônicas, e uma que não é simplesmente linda, mas sobrenatural e excepcional. Falo de uma crônica sobre um Fla Flu, este que é um dos maiores clássicos do Futebol Mundial, e por isso, Nelson não poderia deixar de ser lembrado.

"Amigos, a humildade acaba aqui. Desde ontem o Fluminense é o campeão da cidade. No maior Fla-Flu de todos os tempos, o tricolor conquistou a sua mais bela vitória. E foi também o grande dia do Estádio Mário Filho. A massa “pó-de-arroz” teve o sentimento do triunfo. Aconteceu, então, o seguinte: — vivos e mortos subiram as rampas. Os vivos saíram de suas casas e os mortos de suas tumbas. E, diante da platéia colossal, Fluminense e Flamengo fizeram uma dessas partidas imortais.
Daqui a duzentos anos a cidade dirá, mordida de nostalgia: — “Aquele Fla-Flu!”. Ah, quem não esteve ontem no Estádio Mário Filho não viveu. E o Fluminense fez uma exibição perfeita, irretocável. Lutou com a alma indomável do campeão. Ninguém conquista o título num único dia, numa única tarde. Não. Um título é todo sangue, todo suor e todo lágrimas de um campeonato inteiro.
Acreditem: — o Fluminense começou a ser campeão muito antes. Sim, quando saiu do caos para a liderança. “Do caos para a liderança”, repito, foi a nossa viagem maravilhosa. Lembro-me do primeiro domingo em que ficamos sozinhos na ponta. As esquinas e os botecos faziam a piada cruel: — “Líder por uma semana”. Daí para a frente, o Fluminense era sempre o líder por uma semana.
Olhem para trás. Da rodada inaugural até ontem, não houve time mais regular, mais constante, de uma batida mais harmoniosa. Mas foi engraçado: — por muito tempo, ninguém acreditou no Fluminense, ninguém. Um dia, Flávio veio de São Paulo. Era o ponta-de-lança mais esperado que um Moisés. Queríamos um goleador. E nunca mais se interrompeu a ascensão para o título.
O curioso é que, há muito tempo, aqui mesmo desta coluna, fez-se o vaticínio de que o campeonato teria a sua decisão num Fla-Flu. Foram autores de tal profecia, primeiro, o Celso Bulhões da Fonseca; em seguida, o Carlinhos Niemeyer, um e outro rubro-negros. O que ambos não sabiam é que já estava escrito há 6 mil anos que o campeão seria o Fluminense. E vou citar um outro oráculo: o Haroldo Barbosa. Quando o tricolor parecia uma piada, o bom Haroldo piscou o olho para o Marcello Soares de Moura: — “Este é o ano do Fluminense!”. E do seu olhar vazava luz.
E mais: — na sexta-feira, o presidente do Fluminense, Francisco Lapport, convidou para um almoço, em sua residência, a mim, ao Marcello Soares de Moura e ao Carlinhos Nasser. Ainda na mesa, e antes do cafezinho, baixou-nos o sentimento profético do título. Amigos, o que se viu ontem no Estádio Mário Filho foi espantoso. Primeiro, a tempestade de bandeiras, de pó-de-arroz, os pombos tricolores e rubro-negros.
E que formidável partida! Houve, durante noventa minutos, um suspense mortal. O Fluminense fez o primeiro gol e o Flamengo empatou. O Fluminense fez o segundo e o Flamengo mais uma vez empata. Duzentas mil pessoas atônitas morriam nas arquibancadas, gerais e cadeiras. E foi preciso que Flávio, o goleador do Fluminense, o goleador do campeonato, marcasse aquele que seria o gol da vitória, da doce e santa vitória. E o rubro-negro não empatou mais, nunca mais. Era a vitória, era o título.
Agora a pergunta: — e o personagem da semana? Podia ser Cláudio, que fez uma exibição magistral e, inclusive, um gol. Podia ser Denílson, que volta a ser o “Rei Zulu” e um dos maiores jogadores brasileiros de defesa. Penso também em Galhardo, que, a princípio nervosíssimo, teve intervenções sensacionais. Podia ser também Telê, que, sóbrio, modesto, trouxe a equipe do caos para o título. Mas entendo que desta vez o personagem deve ser o time. Do goleiro ao ponta-esquerda. Todos, todos mostraram uma alma, uma paixão, um ímpeto inexcedíveis.
Pelo amor de Deus, não me venham dizer que, no segundo tempo, o Flamengo jogou com dez. O rubro-negro cresceu com a desvantagem numérica, lançou-se todo para a frente. Eram dez fanáticos dispostos a vencer ou perecer. O Flamengo teve ontem um dos grandes momentos de sua história.
Mas, dizia eu no começo que a nossa humildade pára aqui. Passamos toda a jornada com um passarinho em cada ombro e as duras e feias sandálias nos pés. Mas o Fluminense é o campeão. Erguendo-me das cinzas da humildade, anuncio: — “Vamos tratar do bi”."


Nelson Rodrigues - 1912*1980





Quer tirar alguma dúvida ou saber de mais algo? Comente ou envie um e-mail para contato@resenhadotricolor.com e será respondido o mais rápido possível.

0 comentários:

Postar um comentário

Flickr Images